O guarda-roupa rococó: Saias
- Juliana Lopes
- 2 de abr.
- 3 min de leitura

Vamos destrinchar como eram as saias do século XVIII? Acompanhe a seguir!
As saias femininas como conhecemos (uma peça separada do corpete do vestido) começaram a surgir a partir da renascença. E no século XVIII essa peça tem algumas características que as tornam bem distintas de outras épocas.
É possível observar uma certa versatilidade no uso das saias durante esse período, já que elas poderiam aparecer como anáguas (para acrescentar uma camada extra de volume, modéstia ou conforto témico), entrevistas por baixo de um vestido aberto ou fazer parte de um conjunto com jaqueta. Suas características principais são as pregas, as aberturas laterais para alcançar os bolsos e o cós ajustável, vestido como um avental. Seu comprimento geralmente era longo, até o chão. Mas para mulheres com uma vida mais ativa ele ficava na altura dos tornozelos.

Essas saias eram geralmente constituídas de um largo retângulo pregueado, e para os modelos usados juntos de panniers as pregas se concentravam nas laterais da peça, deixando a parte da frente lisa. Observa-se que essas pregas são espelhadas, dobradas do centro para as laterais.
Materiais utilizados:

As fibras comumente usados nas saias do século XVIII são o linho, algodão e a seda. Em relação a aparência podia ser simples e plana ou ricamente decoradas, para serem usadas com vestidos abertos. Uma outra combinação comum era uma saia em tecido neutro e sem estampa junto de um vestido estampado. Haviam ainda as saias quiltadas que eram usadas como anáguas para esquentar ou acrescentar volume. Essas anáguas possuíam forro e camada externa e entre as duas partes eram recheadas com lã, penas ou outros materiais. Para unir as duas camadas haviam bordados em motivos sofisticados.
Modelagem

O corte era geralmente constituído de um largo retângulo pregueado, e quando usado com panniers a parte da frente era lisa, sem pregas. As que eram usadas com panniers também tinham um formato diferente na parte superior, com as laterais mais altas para acomodar melhor o volume da estrutura de baixo, e por vezes nesgas quando usadas com grand panniers, em trajes de corte por exemplo.

Esses painéis retangulares eram cortados utilizando a largura total do tecido, que era de cerca de 90-100cm na época, totalizando em média cerca de 3m de circunferência na saia, para trajes casuais.
Construção
A construção de uma saia do século XVIII constituía, a grosso modo, de: aplicar as decorações necessárias no painel frontal, unir as laterais do tecido, formar as pregas e fazer o cós. Esse processo era feito inteiramente à mão.

A parte superior da lateral entre os painéis de frente e costas eram deixados abertos, para formar o espaço por onde a mulher acessa os bolsos. Uma tira de tecido era costurada dobrada na parte da cintura, formando o cós. As fitas laterais permitiam não só que a saia fosse vestida de forma mais fácil mas também que a peça não precisasse de tantos ajustes caso o corpo mudasse de forma. Na barra, uma tira de linho poderia ser costurada por dentro para dar acabamento e evitar o desgaste da peça.
E no Brasil como era?

É possível encontrar registros de vestimentas utilizadas no Brasil Colonial nas ilustrações de Carlos Julião, que retratou a moda brasileira no século XVIII. É interessante observar em sua obra a abundância de cores e estampas utilizadas pelas mulheres, havia uma influencia nos estilos de portugual mas observa-se que no Brasil havia uma forma única de utilizar cores e estampas.
Referências da pesquisa:
ARNOLD, Janet. Patterns of Fashion 1 (cut and construction of women’s clothing, 1660-1860) – Wace 1964, Macmillan 1972.
VIANA, Fausto; ITALIANO, Isabel C. Para vestir a cena contemporânea: moldes e moda no Brasil do século XVIII. Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes.
WAUGH, Nora. The Cut of Women’s Clothes (1600-1930)
COX, Abby; STOWELL, Lauren. The American Duchess Guide to 18th Century Dressmaking. Page Street Publishing 2017

Ano que vem, já quero começar o ano tentando fazer uma saia🩷🩷🩷
Adorei o artigo! Inspira a fazer uma peça tão importante que nem imaginamos ser tão simples! AMEI